O que torna a ponta de um
lápis tão especial?
É
por ela que escorrem as marcas que deixamos em forma de letras, desenhos,
rabiscos ou o que mais nossa imaginação possa inventar.
Um
lápis é capaz de deixar passar pela sua ponta, uma linha de até 56Km ou
cinquenta mil palavras! (pra falar a verdade eu nunca contei, ou medi, eu li na
internet, mas taí uma coisa que ainda quero fazer).
Por
isso, quando a ponta do meu lápis quebra (sem que eu faça força para isso
acontecer), eu a guardo colada com fita adesiva em um pequeno caderno que uso
para isso e ao lado escrevo algo que me faça lembrar daquele momento. São como
memórias contadas através das pontas que vão ficando para trás. E é por isso
que não uso lapiseira, para não perder o registro das emoções que cada ponta
carrega consigo, emoções que fazem parte das minhas histórias.
Ponta
125: hoje é a terceira ponta que desiste de continuar ligada ao meu lápis, e o
que é pior, na mesma aula, mas a culpa não é do lápis, a culpa é minha; acho
que tô muito tenso, e eu sei o porquê.
Ontem
à noite, eu estava brincando na sala de casa e quebrei um vaso da minha mãe.
Fiquei com medo de dizer a verdade e coloquei a culpa no nosso cachorro, o
Bobi. Minha mãe não gostou nem um pouco do que aconteceu e hoje pela manhã,
antes de sairmos para a escola, ela deixou o Bobi preso para que ele não
fizesse mais nenhuma traquinagem.
Enquanto
estou aqui, livre, graças a minha mentira, o Bobi está lá, preso por essa mesma
mentira, o que me torna tão prisioneiro quanto ele.
Ponta
126: decidi que vou contar a verdade quando chegar em casa; não quero mais
ficar me sentindo mal; se a minha mãe me prender no lugar do Bobi eu sei que
mereço... Mas se eu contar e ficar preso, vou perder o final de semana! Melhor
contar só na segunda.
Ponta
127: acho que isso é um sinal: mais uma ponta quebrada. Vou contar quando
chegar em casa, vou ser honesto, foi isso que meus pais sempre me ensinaram,
era isso que eu deveria ter feito desde o início.
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