sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Episódio 4 - Vol. 1 - Biblioteca



BIBLIOTECA

            Tudo o que eu mais queria era aprender a ler e escrever.
            Ainda lembro de quando entendi que as palavras eram formadas por sons e que cada som podia ser desenhado e que o nome disso era letra. Tudo o que eu precisava era conhecer o desenho de cada som e juntar.
Foi incrível quando os desenhos juntos começaram a fazer sentido, e aos poucos as palavras foram se apresentando para mim, uma a uma.
Em pouco tempo eu já conseguia ler de tudo, mas minha grande paixão eram os livros; eram não, são.
Tá certo que eu adorava quando minha mãe lia pra mim, achava ela a pessoa mais inteligente do mundo e, claro, a maior contadora de histórias do universo, mas ler sozinho fez de mim o menino mais feliz de todos. Às vezes peço pra minha mãe ler pra mim, só pra matar a saudade; ela ainda é a melhor!
Minhas professoras também eram grandes contadoras, mas notei que a cada ano que passo, cada vez elas contam menos histórias! Por que será?
Todas as escolas têm bibliotecas, pelo menos nas que estudei todas tinham. De tempo em tempo a professora levava a gente pra escolher um livro e levar pra casa. Eu sempre queria pegar mais de um, mas não podia! Eu acabava lendo o livro no mesmo dia e aí tinha que ficar esperando até a gente voltar.
Eu não entendo por que os livros têm que ficar presos em uma biblioteca! Acho que deveriam ser livres para ir e voltar.
Pena que no colégio a gente tem tão pouco tempo para ler!
Mas neste ano está sendo tudo diferente! A bibliotecária, Dona Rosa, é a mais legal de todas. No primeiro dia que fomos à biblioteca, ela contou que existem portais mágicos espalhados por toda biblioteca e que para achá-los é preciso explorar o lugar e encontrar os livros certos.
Pela primeira vez em um colégio eu pude andar por toda a biblioteca, olhar cada prateleira, ler os títulos, passar a mão nos livros, pegar, olhar, ler; e como D. Rosa disse, “encontrar o livro certo”, ou quem sabe ser encontrado por ele!

Eu queria poder ensinar todas as crianças e adultos que não sabem ler, e que eu sei que são muitas, para que pudessem ser tão felizes quanto eu sou. Quem sabe um dia!

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