BIBLIOTECA
Tudo
o que eu mais queria era aprender a ler e escrever.
Ainda
lembro de quando entendi que as palavras eram formadas por sons e que cada som podia
ser desenhado e que o nome disso era letra. Tudo o que eu precisava era
conhecer o desenho de cada som e juntar.
Foi incrível quando os
desenhos juntos começaram a fazer sentido, e aos poucos as palavras foram se
apresentando para mim, uma a uma.
Tá certo que eu adorava
quando minha mãe lia pra mim, achava ela a pessoa mais inteligente do mundo e,
claro, a maior contadora de histórias do universo, mas ler sozinho fez de mim o
menino mais feliz de todos. Às vezes peço pra minha mãe ler pra mim, só pra
matar a saudade; ela ainda é a melhor!
Minhas professoras também
eram grandes contadoras, mas notei que a cada ano que passo, cada vez elas
contam menos histórias! Por que será?
Todas as escolas têm
bibliotecas, pelo menos nas que estudei todas tinham. De tempo em tempo a
professora levava a gente pra escolher um livro e levar pra casa. Eu sempre
queria pegar mais de um, mas não podia! Eu acabava lendo o livro no mesmo dia e
aí tinha que ficar esperando até a gente voltar.
Eu não entendo por que os
livros têm que ficar presos em uma biblioteca! Acho que deveriam ser livres para
ir e voltar.
Pena que no colégio a gente
tem tão pouco tempo para ler!
Mas neste ano está sendo
tudo diferente! A bibliotecária, Dona Rosa, é a mais legal de todas. No
primeiro dia que fomos à biblioteca, ela contou que existem portais mágicos
espalhados por toda biblioteca e que para achá-los é preciso explorar o lugar e
encontrar os livros certos.
Pela primeira vez em um
colégio eu pude andar por toda a biblioteca, olhar cada prateleira, ler os
títulos, passar a mão nos livros, pegar, olhar, ler; e como D. Rosa disse,
“encontrar o livro certo”, ou quem sabe ser encontrado por ele!
Eu queria poder ensinar
todas as crianças e adultos que não sabem ler, e que eu sei que são muitas,
para que pudessem ser tão felizes quanto eu sou. Quem sabe um dia!
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