PROFESSORA
LÚCIA
A sala estava em silêncio.
Estávamos esperando para ver o que aconteceria agora. A professora, muito
calmamente falou:
- Bom dia!
A turma respondeu quase sem
responder. Ela continuou:
- Gostaria de ouvir de cada
um o seu nome completo e como gostaria que de ser chamado. Podemos fazer isso?
Correspondemos
positivamente. Ela nos deixou livres para falar.
- Quem gostaria de começar?
Um a um, todos nós nos
apresentamos.
- João Ricardo de Oliveira.
Gosto de João.
Me apresentei. Não gosto
muito de falar pra toda turma, mas quando é preciso eu falo.
Finalmente chegou a vez da
professora.
- Meu nome é Lúcia de Souza
Luz. Podem me chamar de Lúcia, de Lu ou de professora Lúcia, mas peço que não
me chamem apenas de professora.
- Por quê? – perguntou a
Rita.
- Perceberam que todos da
classe se apresentaram e disseram como gostariam de ser chamados, mas ninguém
disse “pode me chamar de aluno”; por que será?
- Porque esse não é o nosso nome.
(foi a vez do Luís)
- Exatamente!
Eu entendi o que ela queria
dizer: ela não queria ser apenas “a professora”, ela queria ser vista como
gente!
Eu entendi o que ela sentia
ao ser chamada somente de “professora”: ela deixava de ser um rosto, perdia sua
identidade, seria lembrada apenas como “a professora de português”; e eu
entendi que ela queria mais do que isso.
- E o que nos torna
especiais?
Não tive dúvidas, levantei a
mão e ela olhou pra mim e disse:
- Pode falar, João...
Incrível, ela já sabia meu
nome! Acho que fiquei com cara de bobo, enquanto a turma esperava pra ouvir
minha resposta, mas a Profi Lúcia me ajudou:
- E então João, o que nos
torna especiais?
Parei de viajar e respondi:
- Sermos únicos.
Ela sorriu de novo aquele
sorriso sem mostrar os dentes, a turma entendeu o que ele significava, sorrimos
de volta e, sem palavras, todos batemos palmas.
Os olhos da professora Lúcia
se emocionaram...
Os meus também.
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