A
LUNETA
Quando você olha através de
uma luneta, consegue aproximar não apenas o espaço, mas também o tempo.
Usaríamos aquele instrumento
para aproximarmos o nosso passado, para enxergarmos quem fomos e assim
percebermos quem éramos; para depois, ao apontá-lo para a frente, tentarmos
encontrar o que desejávamos ser.
Enxerguei muitas memórias: o
significado de cada ponta refletida em sentimentos, um passaporte, um desenho,
uma música, o canhoto de um ingresso de cinema; fotos, cores e cheiros, que me
levaram de volta a mim mesmo.
Naquela manhã, percebemos
que a 9ª série estava chegando ao fim.
Entendemos que o ensino
médio nos aguardava ali na frente, parado, imponente, e que já nem precisávamos
de luneta para enxergá-lo.
Pensei naquela passagem como
mais uma das portas que eu teria que atravessar, mas percebi que não se tratava
de uma porta, mas de uma ponte, e isso mudava tudo.
Novamente as dúvidas vividas
voltaram.
O que nos aguardava naquela
nova terra?
Quem seriam os personagens
que a habitavam?
Quais as novas tramas a
serem desvendadas?
100 dias nos separavam do
final do ano.
Em 100 dias estaríamos
formados.
O que representava esse
tempo para cada um?
O
que cada um viu através daquela luneta?
Qual
o alcance daquele simples e profundo exercício filosófico na história de cada
um naquele centésimo dia?
Fico
imaginado até onde um professor consegue enxergar com a sua luneta...
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