terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Episódio 5 - Vol 2 - Cinema na Escola



CINEMA NA ESCOLA

             A cada dois meses temos cinema na escola, e é muito legal!
            Funciona assim: primeiro é lançada a programação, são vários filmes, cada um em uma sala diferente, a gente escolhe o filme, compra o ingresso, que é sempre uma ação social – o ingresso do último mês foi um lápis, já teve ingresso borracha, caneta, folha A4 e outros – tudo doado depois da sessão, escolhe o lugar que quer sentar e que é numerado, e no dia, cada um vai para a sua sala, assistir ao filme que escolheu ou que ainda tinha ingresso. As regras são as mesmas de uma sala de cinema do shopping, e em cada uma um professor é o responsável.
            Tem de tudo, desde documentário até clássicos, mas às vezes a mostra é temática, só clássicos de aventura, ou cinema nacional, ou só documentários, ou ficção científica – que eu adoro!
  A comissão de organizadores é composta por professores e alunos, que são sempre muito criativos nas escolhas. Os alunos também podem dar sugestões.
            Depois do filme a gente bate um papo rápido sobre o que viu, faz uma avaliação e dá uma nota para o filme – os que recebem melhores notas voltam a cartaz na última semana de aula, na mostra dos melhores filmes do ano – só filme top!
           Desse projeto nasceu o Clube do Filme, que se reúne uma vez por mês para assistir a um filme e discutir cinema – são os cinéfilos! Não é legal essa palavra?
             
            Eu estava na 8ª série, e sem esperar, minha amiga Márcia me perguntou:
            – Tenho dois ingressos para “Os Miseráveis”, quer ver comigo?
           
            Fiquei meio sem jeito, mas é claro que eu queria. Pra disfarçar eu perguntei:
            – Que tipo de filme é esse?
           
         Desculpando minha ignorância, ela gentilmente me explicou que se tratava de um musical feito a partir da obra escrita por Vitor Hugo.
           
            Na hora quase recusei; um musical de miseráveis, acompanhado de uma menina – não de uma menina qualquer, da Márcia – o que os meus amigos iriam dizer? Azar. A Márcia venceu e eu disse “é claro que eu quero!” – falei assim mesmo, eu tava entusiasmado, e ela notou, mas notei que ela também estava...

             Finalmente chegou o dia...
            Banho tomado, perfume, uniforme limpo, chicletinho no bolso pra refrescar o hálito; tudo certo.

            Pra não pagar mico, pesquisei sobre Vitor Hugo e Os Miseráveis – o cara era fera!

            Os lugares eram na primeira fila.
            Eu preferia que fossem na última, mas tudo bem, eu estava com ela.

            O filme me invadiu já na primeira cena, foi arrebatador!

            O silêncio na sala dizia tudo.

           E quando Fantine inicia a música que deu o Oscar a sua atriz, Márcia segurou minha mão, e à medida que a cena avançava, seguramos com força um a mão do outro, compartilhamos naquele momento toda a emoção vivida pela personagem, nos apoiamos um no outro, sentimos a profundidade daquela dor e no final, aliviamos a carga das mãos para então secar as lágrimas derramadas pela tinta da pena de Vitor Hugo através dos olhos da personagem e dos nossos.

         Assim como todos na sala, rimos, choramos, nos encantamos, nos apaixonamos, sofremos e fomos libertados pela cena final, que mais uma vez nos levou as lágrimas.
            E quando os créditos surgiram na tela, nos olhamos, sequei uma última lágrima que descia já solitária pela face de Márcia e disse “Obrigado!”.

            Sem nada dizer, ela me beijou.

            Foi meu primeiro beijo!

            Quando saímos da sessão, meus amigos estavam lá, só esperando, e me zoaram muito...

            Mas quem se importa!

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