terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Episódio 6 - Vol 2 - Educação



EDUCAÇÃO

         A professora preparou oito temas diferentes e depois sorteou entre a turma. O trabalho era individual, deveríamos escrever sobre o tema que sorteamos, o que significava que cada assunto seria tratado por cinco alunos.
           O meu assunto, e de mais quatro colegas, era Educação. Como enxergávamos a educação naquele momento e como ela poderia ser.
             Trabalho complicado!

            Meu colega Fred abriu as apresentações. Ele comparou a sala de aula a uma cela com capacidade para 20 detentos, mas com lotação de 40. “E ainda querem que a gente aprenda e saia dali transformados. Transformados em quê?”
      Continuou sua fala comparando os professores a carcereiros, que estão mais preocupados com suas vidas, em sair vivos ao final do turno e que são responsáveis por manter todos nos seus devidos lugares, sob a lei e a ordem.
            Nem preciso dizer que ele foi muito aplaudido.
            A solução que ele apresentou foi bem interessante...
            “Temos que acabar com as prisões e transformar esses lugares de dor em espaços de convivência, onde o que vai nos prender não são as grades, mas a vontade de estar ali, porque estar ali faz sentido.”
            Novo aplauso!
            Na prática acho que ele não disse muita coisa, mas valeu a ideia!

           Para Fran, a educação era como uma festa de 15 anos: quem foi a uma, já viu todas – uma chatice; e é por isso que os para os seus 15, ela prometia algo nunca visto antes, sem a mesmice das mesmas e repetidas tradições.
           No final das contas ela foi pra Disney e a festa nunca aconteceu.

         Leonora leu uma definição de educação de um dicionário qualquer, voltou para o seu lugar e fim – demorou mais tempo indo e vindo do que para ler seu trabalho, e recebeu um longo aplauso...

         O Lucas não veio (ele sempre falta nesses dias, a maioria dos professores sempre faz uma piadinha maldosa, mas nenhum deles tenta descobrir por que isso acontece; eu sei, e acredito que se os professores também soubessem, tentariam ajudá-lo).
             “João!”
         Quando ouvi a professora chamar meu nome, meu coração disparou – normal – mesmo sabendo que era a minha vez.
             Fui à frente da turma e comecei minha apresentação.
            Para mim, a educação é como uma longa viagem feita de carro – alguns carros são mais novos, outros nem tanto, alguns são completos e possantes; outros, populares e um tanto lentos; alguns quebram no caminho, outros sofrem acidentes; alguns chegam antes e outros bem depois; alguns podem ir mais longe; outros ficarão por perto.
            Levamos muitas coisas na bagagem; muitas delas nem vamos usar; outras, que seriam essenciais, deixamos de fora e só nos damos conta da sua falta, quando já é tarde demais.
               Às vezes podemos adquirir aquilo que foi esquecido, às vezes não.
         E porque queremos chegar logo, e reclamamos do tempo, da temperatura, do espaço, e de tudo que está a nossa volta, esquecemos de olhar a paisagem que o caminho proporciona.
            Nem tudo é legal em uma viagem, mas só podemos chegar ao destino se viajarmos.
           Depois disso, apresentei minha ideia para uma escola em que a viagem fosse pensada de uma outra forma, em que na bagagem colocássemos coisas que realmente serão importantes e úteis, em que tivéssemos tempo e prazer em admirar a paisagem e que ao final da jornada pudéssemos compartilhar nossa experiência, fazendo da viagem daqueles que vem depois de nós, algo ainda melhor do que vivemos.
           
             Sei que para a maioria da turma aquele foi só mais um trabalho da nona série, mas para mim foi a confirmação de algo que no fundo eu já sabia: eu seria Professor!
   E faria o máximo para que a nossa viagem fosse inesquecível!

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