O
QUE É PRECISO PARA EMBARCAR EM UM ÔNIBUS?
O sinal tocou, corri para a
sala, estava ansioso por mais um dia de aula na minha classe-ônibus ou
ônibus-classe, ainda não sabia exatamente como chamar minha nova sala, mas de
uma coisa tinha certeza: meu primeiro dia de aula tinha sido demais!
Quando entrei no corredor
que me levaria até ela, avistei o professor Marcos parado do lado de fora com
seu quepe e seu sorriso, recebendo os alunos. Estranhei que antes de entrar os
alunos lhe davam um bilhete. Será que era preciso um bilhete novo para cada dia
de aula?
- Bom dia, João! – meu
pensamento foi interrompido pela saudação do professor.
- Bom dia, professor! –
respondi.
- Pronto para mais um dia de
aventura?
- Sim.
- Ótimo! Pode me dar o
bilhete e embarcar. – disse isso esticando a mão.
- Eu não tenho bilhete!
- E como o senhor pretende
embarcar sem bilhete?
- Quer dizer que eu preciso
de um bilhete para cada dia de aula?
- Se você utilizar um
transporte diariamente, mesmo que já conheça o condutor, terá que pagar
passagem, ou não?
Lembrei do que o professor
tinha me falado ontem, quando nos conhecemos “o que é preciso para embarcar em
um ônibus?”. Que mico!
- Agora eu entendi! – falei
meio sem jeito.
O pior é que enquanto eu
estava ali do lado de fora, com cara de bobo, meus colegas foram chegando,
cumprimentando o professor, entregando seus bilhetes e entrando. O segundo
sinal tocou, o que significava que o professor ia entrar; e eu?
Nisso, uma colega apareceu
na porta.
- Licença, professor!
- Sim, Ana!
- Eu posso emprestar uma
passagem pro João.
- Muito gentil da sua parte.
Ela esticou o braço me
oferecendo a passagem e disse:
- Você só tem que colocar
seu nome e número.
Antes que eu pudesse fazer
qualquer movimento, o professor falou olhando direto pra mim:
- Se você aceitar, amanhã
terá que pagar a colega.
- Como? – perguntei sem
pensar e foi a Ana quem respondeu.
- O que você acha? – disse
isso deixando o bilhete na minha mão e voltando para a sala.
Outro mico! Tentei disfarçar
entregando o bilhete para o professor.
- Amanhã vou trazer minha
passagem e a dela.
- Falta preencher seus
dados. Vou esperar lá dentro.
O professor entrou e eu mais
que depressa tirei meu estojo da mochila, preenchi os dados – nome, número e
data – entrei, entreguei minha passagem, o professor conferiu o bilhete e
disse:
- Poltrona 28.
Ana levantou a mão dizendo:
- Aqui.
Meu lugar era ao lado dela.
Aquela aula era mesmo uma
viagem; o nosso número da chamada era o número da “poltrona” que a gente iria
sentar. O mais legal é que as poltronas mudavam de lugar e a gente nunca sabia
onde iria sentar no outro dia.
No final da aula o professor
avisou a turma:
- Amanhã não esqueçam dos
seus passaportes.
A turma vibrou.
Antes de eu perguntar, o professor
me socorreu:
- Alguém pode explicar para
o nosso novo passageiro o que é, e para que serve o nosso passaporte!
A turma toda me ajudou.
Foi mais uma manhã incrível!
O sinal tocou, era o fim da
aula. O professor colocou seu quepe, abriu a porta e um a um fomos
desembarcando.
- Até amanhã; e obrigado
pela preferência!
Nenhum comentário:
Postar um comentário